Crianças e adolescentes negras são cerca de 40% das vítimas de estupro no Brasil | Proporção aumentou nos últimos anos

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No Brasil, aproximadamente 40% das crianças e adolescentes vítimas de estupro são negras.

Esta é a triste realidade brasileira, com uma taxa duas vezes maior do que a de meninas brancas, apesar de representarem somente 13% da população jovem, conforme o Censo de 2022. Este dado alarmante é parte de uma análise realizada pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa),​ que utilizou informações do Sistema Nacional de Atendimento Médico.

DADOS

A pesquisa revela: 60% dos casos de estupro envolvem menores de 18 anos, com um aumento significativo na incidência entre mulheres negras de todas as idades.

  • Em 2010, 30% das vítimas eram crianças e adolescentes negras;
  • Em 2022, esse número subiu para 40%;
  • Em contraste, 20% das vítimas são meninas brancas.

Mulheres negras lideram as estatísticas de vítimas de violência de gênero em todas as idades, com uma proporção de 2 para 1 em comparação com mulheres brancas. O estudo, conduzido por Alisson Santos, Daniel Duque, Fillipi Nascimento e Michael França, sugere que a vulnerabilidade social das mulheres negras é um fator contribuinte para essa disparidade.

Entre 2010 e 2022, houve um aumento nos casos notificados por vítimas negras, passando de 48,4% para 60%, enquanto as vítimas brancas diminuíram de 38,1% para 33,3%. A diferença é ainda mais acentuada entre crianças e adolescentes, com vítimas negras representando 61,9% em 2022, comparado a 30,8% de vítimas brancas.

POLÊMICA

O PL Antiaborto por Estupro, em debate no Congresso, pode aumentar a vulnerabilidade das vítimas, especialmente as mais jovens. A vulnerabilidade socioeconômica também é um fator que expõe mais as mulheres negras a esses crimes, principalmente dentro do ambiente doméstico.

Os resultados do estudo confirmam que as vítimas negras enfrentam um risco duplo, exacerbado pelo racismo e machismo. Em 2021, 68,61% das mulheres assassinadas eram negras, e a desigualdade é mais pronunciada no Norte e Nordeste. O aumento dos casos de assédio sexual também foi mais significativo entre mulheres negras.

Wellington Torres

Editor da AGSP. Jornalista de coração e alma, pós-graduado em Assessoria de Comunicação e Mídias Digitais (Anhembi Morumbi) e em Marketing/Analytics (Anhanguera). Heavy user de redes sociais e fã de tecnologia. "Agora eu tenho visto" 🇺🇸 #LetsgotoUSA2025

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