Dengue: casos caem 70% e vacina brasileira chega em 2026 | Artigo do Dr. Aristóteles Cardona

A dengue já foi manchete pelo descontrole, mas agora surpreende pela queda expressiva nos casos. Os dois primeiros meses de 2025 apontam uma diminuição significativa em relação ao mesmo período em 2024: a queda foi de 70%. Em 2025 foram 393 mil casos prováveis de dengue em janeiro e fevereiro, enquanto em 2024 já eram mais de 1 milhão e 600 mil nestes meses. A maior parte dos casos confirmados em 2025 foi na região Sudeste, com pouco mais de 73% do total nacional.

A queda expressiva nos casos de dengue é uma notícia para ser celebrada. Menos pessoas adoecendo significa menos leitos ocupados, menos complicações graves e, acima de tudo, menos vidas perdidas. O alívio para o sistema de saúde é evidente, mas esse resultado também indica que medidas de prevenção – como mutirões de combate ao mosquito – podem estar funcionando. Em um país onde a dengue sempre volta com força, uma redução tão significativa mostra que a vigilância e o trabalho contínuo podem fazer a diferença.

Gosto de ressaltar que o combate à dengue deve sempre contar com um esforço coletivo, que envolve tanto a necessidade de atuação das pessoas em suas próprias casas, agindo para eliminar focos de Aedes aegypti, por exemplo, assim como as atuações em comunidade, afinal, quase sempre haverá algum foco na vizinhança.”

Entretanto, para além das iniciativas individuais e comunitárias, é fundamental uma forte atuação do poder público, tanto em campanhas educativas quanto na preparação do sistema de saúde para atender aos pacientes quando necessário. Sabe-se que na grande maioria dos casos de dengue não teremos complicações, mas é preciso forte atuação para identificar potenciais casos graves e rápida intervenção do sistema para cuidar deles. Felizmente, quando a atuação acontece em tempo e de forma correta, é possível diminuir a mortalidade da doença.

Além da queda nos casos, uma notícia promissora reforça a esperança no combate à dengue: a partir de 2026, o Brasil começará a aplicar sua própria vacina contra a doença. Desenvolvida pelo Instituto Butantan, essa vacina representa um avanço fundamental para minimizar ainda mais o impacto da dengue no país. Ter uma imunização acessível e produzida nacionalmente pode mudar o jogo, garantindo mais proteção para a população. Depois de tantos surtos e desafios, essa conquista sinaliza um futuro onde a dengue pode, enfim, deixar de ser uma ameaça constante.

Aristóteles Cardona é médico de família no sertão pernambucano e professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco

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