Unidade de ação para resgatar o desenvolvimento com justiça social | Artigo de Miguel Torres
Artigo de Miguel Torres
Desde as marchas das centrais sindicais iniciadas em 2004, as ações unitárias são práticas comuns em nosso cotidiano. Mas nos últimos 4 anos se intensificaram. Tanto que entre 2020 e 2021 consolidamos o Fórum da Centrais Sindicais por meio do qual nos mantemos em contato direto e permanente. Esta relação permite que em muitas ocasiões consigamos tirar resoluções conjuntas sobre temas que interessam ao trabalhador.
Por exemplo, nos últimos anos expressamos posições unitárias ao repudiar o golpismo do governo Bolsonaro e defender a democracia; quando nos contrapomos às diversas medidas que visam retirar direitos e precarizar ainda mais o trabalho; denunciando a desindustrialização e demissões em massa; quando buscamos tratar da correção monetária do FGTS no STF; quando apoiamos a greves de operários e operárias; defendendo a prorrogação da desoneração da folha de pagamento para manter empregos; quando apoiamos o Natal sem fome; quando convocamos unitariamente os trabalhadores para diversos atos contra o desgoverno, em favor da vida e por mais e melhores empregos, além de diversas outras resoluções.
Os eventos do 1º de Maio Unitário em 2020 e 2021 foram grandes expressões da unidade de ação. No contexto da pandemia do Coronavírus inovamos ao realizar grandes atos do Dia do Trabalhador totalmente on-line. Foram 11 centrais sindicais brasileiras que projetaram a ideia da formação de ampla frente em prol da soberania nacional, unindo políticos de diferentes matizes como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT), além dos ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede).
CONVERGÊNCIA
Conseguimos furar a bolha e criar polo aglutinador de partidos, movimentos sociais e instituições democráticas. O grande legado do 1º de Maio de 2020 foi a afirmação de que o momento atual exige a convergência no combate intransigente ao autoritarismo e ao retrocesso. As negociações para o Auxílio Emergencial mostraram como a união de forças é importante e faz toda a diferença na vida dos trabalhadores.
Foram as centrais sindicais que, no contexto necessidade da quarentema devido à pandemia, apresentaram à Câmara dos Deputados proposta de criação de auxílio emergencial de R$ 500. A proposta foi aceita pelo Parlamento que, a partir dessa, definiu aos valores de R$ 600 e R$ 1.200 para beneficiários do Bolsa Família e desempregados, para trabalhadores por conta própria, autônomos, microempreendedores individuais, que vigorou entre abril e setembro de 2020.
O Auxílio Emergencial garantiu renda básica de sobrevivência a milhões de brasileiros e manteve a economia ativa.
EMPREGO, RENDA E VALORIZAÇÃO
Para o ano que chega, manteremos nossa pauta por emprego, renda e valorização da vida. Também vamos nos voltar ao processo eleitoral que poderá resultar em tempos melhores para o povo trabalhador.
Nos empenharemos nisso. Investiremos energia para aumentar a representação da classe trabalhadora nos poderes Legislativo e Executivo.
Isso porque, embora os trabalhadores sejam a grande maioria na sociedade, somos minoria no Poder Público. E quem defende nossos interesses? Só com democracia e soberania é possível reconquistar direitos sociais e trabalhistas, atingir uma sociedade com maior equidade e justiça social.
CONCLAT, BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA E ELEIÇÕES
Para alinhavar nossas ideias e elaborar nossa pauta conjunta, realizaremos logo no primeiro quadrimestre de 2022 nova Conclat. Com o pretexto de entrar no debate e no processo eleitoral, a Conclat será mais 1 passo na consolidação do Fórum das Centrais Sindicais e momento para debater e encaminhar questões como estrutura e o financiamento sindical.
Também estamos nos preparando para celebrar os 200 anos de Independência do Brasil. É nosso papel, como representantes dos trabalhadores, elaborar ações para ressaltar tanto o protagonismo da nossa classe quanto a evolução dos direitos trabalhistas.
Como o bicentenário cairá em ano eleitoral, teremos a oportunidade de pensar o País tanto a partir da nossa história quanto do futuro e, acima de tudo, exaltar o povo brasileiro.
Por meio da unidade de ação somos capazes de elaborar e implementar ações mais amplas e representativas com mais força. A perspectiva é de muito trabalho para a construção de dias melhores. Para resgatar o desenvolvimento com justiça social e a soberania do País. A Luta faz a Lei!
Miguel Torres é presidente da Força Sindical, da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e do Sindicato do Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.