Volta do “Grande Irmão” prova que a futilidade funciona | Artigo de Wellington Torres
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O Big Brother Brasil retornou nesta última semana às telinhas de milhões de brasileiros. O programa tem edições anuais desde 2002 e alcança no momento sua 24ª edição. Agora, o que faz algo desse gênero atingir uma vida tão longa na TV? Simples. A necessidade de termos o fútil. Pensa assim: por que espiar a vida alheia? A única utilidade disso é ver que os outros têm problemas iguais ou piores que os nossos e poder julgá-los.
Apesar do empenho de cada um dos participantes de aparentarem a melhor versão possível de si mesmos, a natureza do reality show objetiva gerar intrigas e afetos.”
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Egoísmo, soberba, preconceito de classe, raça, religião, gênero e múltiplas variantes da intolerância contemporânea apareceram e sempre vão aparecer nestas edições.
A mesma lógica acontece nas redes sociais. Aqueles que postam de tudo, do prato sofisticado até o joanete que lhe incomoda. Esse movimento funciona como alimentador de um processo que se repete a cada dia. Saber da vida alheia é um hábito que todos têm, em maior ou menor grau, e deve ser saudável. Programas como Big Brother e outros reality shows mostram o quanto o ditado é verdadeiro “desgraça pouca é bobagem”.
Não critico quem assiste ao programa (afinal eu assisto “A Fazenda”), mas critico sim a forma como a mídia apresenta o reality. Existe tanto para vermos em nós mesmos e é triste ser necessário ver outros passarem por situações vexatórias próximas da tortura para enxergar isso. Milhões estão ansiosos em dar o play e assistir.
Convido todos a refletirem sobre o seu próprio comportamento, em vez de se espelhar cegamente em uma ilusão midiática.