Sem unidade, o movimento sindical se enfraquece e os trabalhadores perdem

Graças às Marchas a Brasília realizadas pelas Centrais Sindicais, especificamente entre 2004 e 2006, o movimento sindical conseguiu emplacar uma política efetiva de valorização do salário mínimo. Certo que antes um compromisso apalavrado com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas que seria regulamentado e fixados índices de recuperação do mínimo. Com essa ação conjunta das entidades sindicais, além de garantir a inflação do período, era computado o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos anteriores.

Existia um projeto até 2023 da política de valorização, renovado a cada quatro anos. Porém, em sua última atualização, em 29 de julho de 2015, determinou um prazo até 1º de janeiro de 2019 e, infelizmente, a ação não foi mais renovada. Ou seja, o Brasil com essa atitude volta para trás. Caso fosse seguida a política de valorização do salário mínimo, com o PIB de 2018 tendo registrado variação de 1,3%, o valor teria sido de R$ 1.053,00 (diferença de R$ 14,00), sendo que hoje está em R$ 1.039,00.

Caso as Centrais Sindicais não tivessem se mobilizados, o retrocesso seria ainda maior, pois hoje o mínimo estaria em apenas R$ 573,00, corrigido apenas pelo INPC. Segundo a nota do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), revisada em 10 de janeiro de 2020, a política negociada de valorização do salário mínimo deve ser considerada uma das maiores contribuições para uma política de rendas já empreendidas no País.

QUAL A LIÇÃO TIRADA DESSA AÇÃO

Quando o movimento sindical esteve em sintonia, unido, aguerrido, focado em um mesmo propósito, os avanços para a classe trabalhadora foram reais. Porém quando os ataques se iniciaram contra as entidades de classe, houve omissão, um movimento enfraquecido e cada um defendendo a sua bandeira política partidária, ou seja, previam, mas não acreditaram no tamanho do retrocesso que estamos enfrentando nos últimos anos. Desemprego cresce, desigualdade aumenta e jovens sem futuro e esperança.

Movimento sindical, atenção: o Brasil jamais voltará a crescer sem a unidade da classe trabalhadora. As relações de trabalho realmente mudaram, mas o anseio de justiça, luta e igualdade das entidades sindicais deve ser permanente! O movimento exige uma restruturação das instituições. O momento exige reação depressa!

Daniel Lucas Oliveira

Jornalista formado!

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