Apesar de conseguir conter contaminação em massa, Japão teme explosão de casos
Apesar de estar geograficamente ao lado de grandes surtos do novo Coronavírus (Covid-19), o Japão não registra um aumento significativo dos contaminados em seu território. E isso mesmo sendo uma das primeiras nações a registrar casos depois da China, epicentro da doença. Assim, até o dia 26 de março, o país com quase 127 milhões de habitantes em um território quase do tamanho do Mato Grosso do Sul, registrou 1.307 infectados e 45 mortos.
O grande questionamento é que o Japão não adotou quarentenas em cidades ou isolamento obrigatório de seus cidadãos para evitar a propagação do vírus. Um grande sinal que comprova isso foi no dia 22 de março, quando milhares de cidadãos foram às ruas e a parques para admirar as cerejeiras em flor. Segundo pesquisadores, o sucesso na contenção pode ter sido a identificação rápida de focos de infecção. Ou seja, apesar de poucos testes, os resultados foram em locais de grande propagação, o que evitou a disseminação em massa, até agora.
“A única maneira de lidar com qualquer pandemia é testar e isolar. E muitos países não ouviram. No Japão, eles estão desesperados para rastrear os infectados. E estão indo bem em termos de identificar e isolar os grupos doentes”, afirma Kenji Shibuya, diretor do Instituto de Saúde da População do King’s College, em Londres.
MEDIDAS
Apesar de poucos, o governo teme uma possível explosão dos casos de novos infectados. Assim, no dia 19 de março, o Governo do Japão decidiu fortalecer drasticamente as medidas adicionais de segurança nas fronteiras, contra a propagação de novas infecções por Coronavírus.
Além disso, medidas básicas e informes foram recomendadas à população:
- Evitar realizar atividades em locais fechados com má circulação de ar, aglomeração de pessoas e conversas muito próximas;
- É absolutamente inaceitável qualquer comportamento que resulte em preconceito ou discriminação contra pacientes ou pessoas que tenham tido contato com eles;
- A capacidade de teste de PCR foi ampliada. Os testes de PCR necessários devem continuar a ser realizados em tempo hábil;
- A organização de eventos de grande escala deve ser cautelosamente decidida pelos organizadores.
MEDICAMENTO DE COMBATE
O ministério da ciência e tecnologia chinês elogiou um medicamento desenvolvido pela Fujifilm Toyama Chemical, do Japão, utilizado no tratamento de pessoas infectadas pelo Coronavírus.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, os infectados que usaram o medicamento estavam “limpos” do vírus em uma média de quatro dias depois de terem contraído a doença. Aqueles que não foram tratados com a droga tiveram uma recuperação média de 11 dias. O remédio também ajudou a melhorar as condições pulmonares dos pacientes.
Até o dia 18 de março, a droga favipiravir, conhecida por Avigan, foi testada em 340 pacientes nas cidades de Wuhan, epicentro da pandemia, e de Shenzen.
COSTUMES
Especialistas em Japão destacam outras características especiais: por um lado, o hábito de curvar-se para cumprimentar pessoas reduz o risco de infecção. Não há apertos de mão nem beijos no rosto. Por outro, desde a primeira infância, a população se atém, de maneira disciplinada, a regras básicas de higiene.
PRIMEIRO MINISTRO
Em discurso no dia 28 de março, o primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, exaltou a eficiência dos testes no País. “Até agora, os esforços de especialistas, centros de saúde pública e profissionais de saúde no Japão conseguiram descobrir e controlar rapidamente a transmissão da infecção nos chamados aglomerados”, disse.