João Doria se afasta do presidente Bolsonaro e parece se esquecer do “BolsoDoria”
Como se fosse novidade para quem acompanha o desenrolar político no País, João Doria (PSDB), governador do Estado de São Paulo, voltou a criticar o presidente Jair Bolsonaro. Hoje (21), em entrevista ao portal Uol, ele depreciou a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada do Brasil em Washington, nos EUA. Esta entra para a fila de críticas disparadas pelo tucano ao presidente ou ao seu filho.
“Não é uma boa atitude. Eu jamais nomearia nem meu filho, nem ninguém da minha família para nenhuma função pública”, criticou o governador.
Existe um movimento para trazer João Doria como candidato à presidência em 2022. Isso é inegável. Tal iniciativa colabora de forma absurda com a distância de ambos. O governador, no entanto, parece esquecer um passado nem um pouco distante. Porém, agora a troca de elogios, antes direcionadas ao presidente, vão justamente para membros de oposição ou empresários claramente contra o governo atual.
Doria avalia que a retórica de Bolsonaro pode azedar inclusive o acordo entre Mercosul e União Europeia:
“Se não houver uma mudança de discurso, esse risco é real.”
Mas nem sempre foi assim…
Na campanha eleitoral de 2018, por exemplo, deixa claro o quão oportunista Doria é neste momento. A dobradinha ‘Bolsodoria’ impulsionou a vitória do tucano no governo de São Paulo. Conforme dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o desempenho de Doria é melhor em cidades em que Jair Bolsonaro teve mais votos. O termo ‘Bolsodoria’ foi criado em São Paulo antes do primeiro turno das eleições. O então candidato fez questão de atrelar seu nome ao líder da corrida presidencial.
Doria esteve ao lado de Bolsonaro no segundo turno da campanha presidencial e agora tenta se afastar do pesselista. O presidente está em uma queda na popularidade e já é o presidente em primeiro mandato mais mal avaliado, desde Fernando Collor quando começaram as pesquisas de avaliação presidencial.
E para completar
Doria foi o “padrinho” da ida de Alexandre Frota, até então do PSL, para o PSDB. Mesmo contrariando a velha guarda do partido tucano, não teve jogo. E esta parece ser apenas um primeiro movimento da migração de outros nomes de um partido para o outro. Em meio a uma disputa à presidência estadual do PSL, o deputado Júnior Bozzella, próximo a Frota, foi sondado pelo governador paulista, com quem pretende ter uma conversa nos próximos dias.
E TUDO PORQUE – Frota foi expulso do PSL na semana passada, após decisão da executiva nacional. Pesaram contra ele as críticas frequentes ao governo e ao próprio Bolsonaro. A gota d’água foram as duras “alfinetadas” sobre a indicação de Eduardo Bolsonaro, por parte do pai, para assumir a embaixada americana em Washington.
Assista a entrevista na íntegra: