Um olhar mais analítico sobre o conceito streaming
Diego Gomes
Bacharel em comunicação social com ênfase em publicidade e propaganda pela Universidade São Judas Tadeu e especialista em mídia, informação e cultura pela Universidade de São Paulo.
Streaming – Transmissão de dados
Como um dos frutos da globalização e o surgimento da internet, a transmissão de dados em alta velocidade vem tornando o mundo cada vez mais interconectado. Os meios de comunicação estão a cada momento se tornando mais tecnológicos e aprimorando a ponte entre os emissores e os receptores de informações. Com isso, a discussão trará um olhar mais analítico sobre o conceito streaming e como a comunicação multiplataforma está sendo cada vez mais utilizada como emissor de conteúdo de forma mais abrangente e mais assertiva para a construção do hábito de consumo. As marcas estão sendo mais inseridas em um contexto publicitário direcionado e visando proporcionar a cada segundo impacto amplo, likes, audiência e views por afinidade e demanda.
O hábito de consumo, por meio de plataformas digitais, a princípio se dá ao fato de estarmos vivendo em uma sociedade cada vez mais imediatista e consumista. Com interesses de consumo ainda mais particulares e sobe demanda. Estamos a cada dia mais conectados a smartphones, tablets, notebooks ou ouvindo músicas em ipod entre outros, até mesmo o hábito da leitura foi trocado de livros físicos para leitores de livros digitais. Nossas rotinas são quase sempre preenchidas com vídeos no Youtube e filmes no Netflix, músicas no Spotify e uma infinidade de jogos na internet.
Hoje, a base de informações úteis para a criação de conteúdo acaba sendo realizada pelos próprios usuários que se sentem participantes em todo processo de criação até o seu final. As marcas e plataformas por sua vez fazem com que o usuário se sinta parte fundamental de seus processos. Henry Jenkins cita em seus estudos sobre a Cultura da Convergência a seguinte reflexão sobre o tema.
”os públicos estão se fazendo nitidamente presentes ao modelarem ativamente os fluxos de mídia, produtores, gerentes de marca, profissionais de serviço ao consumidor e comunicadores corporativos estão acordando para a necessidade comercial de ouví-los e de responder a eles de maneira ativa.” (JENKINS; GREEN; FORD, 2014, p. 25).
Ciente de que boa parte do público encara com falta credibilidade produções próprias e venera lançamentos de plataformas como a Netflix, muitos dos veículos tradicionais de TV estão investindo em séries pensadas para serem lançadas primeiramente em streaming. As emissoras consideram bem-sucedido o plano de estarem cada vez em mais visíveis ao público e agora apostam nas exibições de conteúdos em multiplataformas. É uma lógica de ampliação de alcance, as histórias podem impactar mais gente. Em cada plataforma tem determinado público.
Sendo bem realista, tem gente que hoje tem uma rejeição e está distante da TV aberta, mas esse público está online. Muitos meios de comunicação admitem terem até mesmo demorado para se inserir na prática de liberar séries para o telespectador ”maratonar”. Essa estratégia era vista internamente como uma “canibalização” do conteúdo, como algo que minaria a possibilidade de sucesso na TV. Os usuários dos tradicionais meios de comunicação mudaram o comportamento e fizeram cair o número de clientes e a receita das grandes empresas.
Para sobreviver, elas se esforçam para se transformar em companhias de tecnologia. O objetivo é elevar o faturamento como desenvolvimento de sistemas de armazenamento de informações na nuvem, inteligência artificial e soluções para analisar milhares de dados ao mesmo tempo. Mas essa transição não tem sido fácil. Segundo especialistas, a busca por novos mercados é essencial.
“Sob a perspectiva da mídia e da indústria do entretenimento dominantes, essa situação se assemelha a uma batalha entre os meios de comunicação tradicionais e a internet.” (ANDERSON, 2006, p.179).