Câmara dos Deputados tem menos pessoas negras do que registra o TSE
A Câmara dos Deputados possui 513 membros. Segundo dados oficiais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), deste total, 124 se declaram negros. Essa classificação inclui pretos e pardos. Porém, dia 20 de junho, a Folha de São Paulo realizou um levantamento sobre a realidade deste número. O “choque” é nenhum. Mesmo o número de 23% representando muito pouco da diversidade do País, a verdade é que ele é ainda menor.
Posição
A reportagem da Folha procurou 38 deputados autodeclarados negros (como pretos ou pardos). Oito deles afirmaram serem brancos e apontam erro no registro da candidatura. Os demais não se manifestaram. Mas a constatação é que eles não passariam em uma banca de heteroidentificação. Essa avaliação, por exemplo, ocorre com as pessoas inscritas como cotistas em um vestibular.
Ou seja, de acordo com as respostas obtidas, o total de negros diminui no mínimo para 116, mas a Folha apura que pode cair pelo menos até 86, ou seja, 16% do total.
Essa disparidade entre a realidade e os dados oficiais existe porque a identificação racial ocorre por autodeclaração. Essa ação abre espaço para fraudes em cima de ações afirmativas.
Distorções nas pesquisas raciais
O tamanho da fatia do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral não é o único problema decorrente de distorções na base do TSE. A repartição do dinheiro dentro das próprias agremiações termina afetada, já que a lei estabelece distribuição proporcional à quantidade de candidaturas de pessoas negras e brancas.
Além disso, os dados oficiais inflados afetam a percepção sobre a representatividade política de pessoas negras e atrapalham estudos sobre o tema, dando a impressão de que a correção dos desequilíbrios raciais avançou mais do que a realidade mostra.
Foto da matéria: Marcos Oliveira/Agência Senado