Mulheres negras e jovens entre 18 e 29 anos são os mais afetados com o desemprego

Um Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que a vulnerabilidade das mulheres negras ao desemprego é 50% maior. A cada um ponto percentual a mais na taxa de desemprego, as mulheres negras sofrem, em média, aumento de 1,5 ponto percentual. Para as mulheres brancas, o reflexo é de 1,3. A análise utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) entre o primeiro trimestre de 2012 e o segundo trimestre de 2018.

Jovens entre 18 e 29 anos também são atingidos e estão entre os mais afetados. Nesta faixa etária, a sensibilidade do desemprego é de 1.6 ponto no período, contra 0.7 para trabalhadores entre 30 e 64 anos. “A falta de experiência profissional e a necessidade de conciliar trabalho com formação educacional são alguns dos fatores que dificultam a entrada dos jovens no mercado”, destaca Maíra Franca, uma das autoras do trabalho.

Considerando números absolutos de desemprego, as maiores taxas foram detectadas entre o terceiro trimestre de 2014 e o primeiro trimestre de 2017, quando o desemprego aumentou em mais de 6 pontos e a parcela de pessoas em busca de trabalho por um ano ou mais cresceu 5 pontos. Nesse mesmo período, o desemprego entre as mulheres negras cresceu 8 pontos, contra 4,6 para os homens brancos.

Na análise por grau de escolarização, entre 2014 e 2017 os trabalhadores menos escolarizados foram os mais impactados: alta de 7 pontos entre aqueles com ensino médio incompleto, contra 5,9 pontos entre trabalhadores com ensino médio completo. Em relação à faixa etária, o desemprego entre os jovens, que já era elevado, subiu 10,6 pontos, enquanto os adultos experimentaram aumento de 4,8 na taxa.

“Os efeitos das oscilações da economia podem ser bastante heterogêneos. Conhecer em que medida essas oscilações afetam o desemprego dos diferentes grupos socioeconômicos permite que se desenhe políticas públicas de forma mais adequada para cada público”, pontua o pesquisador do Ipea, Miguel Foguel, coautor do trabalho. O estudo indica que, de forma geral, o mercado de trabalho vem se recuperando, mas a passos lentos: a taxa de desemprego caiu 1 ponto entre o primeiro trimestre de 2017 e o segundo trimestre de 2018.

Boletim de Mercado de Trabalho é responsável pelo levantamento

O Boletim de Mercado de Trabalho é editado pela Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea. Além da análise dos dados da Pnad contínua, a edição nº 65, divulgada dia 30 de outubro conta com um estudo que mostra que mulheres jovens de baixa escolaridade são as que mais desistem de procurar emprego.

Daniel Lucas Oliveira

Jornalista formado!

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