Avanços tecnológicos no combate ao Covid-19. As redes contribuem ou atrapalham?

Vivemos dois momentos antagônicos relacionados à divulgação de conteúdo referente ao Covid-19, comparado a pandemia do H1N1, em 2009. As redes sociais, com a presença massificada do WhatsApp, realmente fazem diferenças reais nas orientações de combate e prevenção ao novo vírus, que tem apavorado o mundo? Vamos conferir!

TECNOLOGIA EM 2009

Uma pesquisa da Ericsson em 2009 revela que as pessoas demoravam até cinco anos para trocar de celular. A moda do momento era a briga pelo mensageiro da época o SMS, hoje muito ultrapassado. Os padrões LTE e WiMax brigavam para ver quem assumiria o 4G – que ainda estava sendo desenvolvido -, as vendas mundiais de smartphones foram de 139,29 milhões de unidades um ano antes, segundo o Gartner. Nokia tinha 47% do setor de celulares, ante 16% da BlackBerry. E a Apple era um player em crescimento com 8,2% do mercado.

No Brasil, o 3G era 1% da base, 1,5 milhão de um total de 152,3 milhões de celulares, de acordo com a Anatel. A população que acessava a Internet era de 55,9 milhões de brasileiros, segundo a PNAD de 2010. E o total de pessoas com acesso ao celular era de 86,4 milhões.

TECNOLOGIA ATUAL

Hoje, a penetração mundial do 4G passou dos 4 bilhões de conexões. Em 2019, no Brasil, foram vendidos 48,6 milhões de smartphones com um volume de R$ 56,7 bilhões de receita, segundo a IDC. Além disso, 70% da população brasileira acessa a Internet. De acordo com os dados de novembro do ano passado, há 108 milhões de conexões de pós-pagos e 120 milhões de pré-pagos, e o LTE responde por 62% do total de acessos. Além disso, o WhatsApp – que foi lançado em 2009 – agora está presente em 99% dos smartphones brasileiros, segundo Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel no Brasil de fevereiro deste ano.

ESPECIALISTAS COMENTAM

Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do InCor, afirma: “Não tinha tanta rede social em 2009, como tem hoje. Naquela época era mais o que se via na televisão. Também tínhamos o combate de evitar aglomerações e diminuição de viagens. Dessa vez é algo mais firme, nós tivemos ações mais enérgicas. Talvez pelo fato que ocorreu na Itália”.

Por outro lado, um avanço que tivemos hoje foi nas informações em tempo real. É importante ter a informação de números de casos em real time. Daí você estuda, vê o que está dando certo e altera suas políticas públicas.

Kalil disse ainda sobre outros avanços na ciência e na comunicação com a população. Em comunicação, ele vê como positivo o fato de que o mundo voltou a se interessar por vacinas. E surgiram novas tecnologias. Vale lembrar que diversos movimentos antivacinas (antivax, em inglês), surgiram no mundo nos últimos anos. E lembrou os desenvolvimentos tecnológicos na criação de vacinas com RNA mensageiro, testes com medicamentos retrovirais compartilhados por especialistas no mundo todo, software de transporte de órgãos e pesquisa científica, além do avanço da telemedicina.

José Gomes Temporão foi o ministro da Saúde durante a crise do H1N1. Temporão lembra que foi difícil combater a doença, mas acredita que o cenário atual é pior: “A campanha foi exatamente a mesma. As medidas de prevenção não mudaram de lá para cá (alertas à população para lavar as mãos e evitar a aproximação com pessoas). Houve uma grande disseminação de medidas programáticas. Mas talvez em escala menor do que acontece hoje”.

O vírus atual tem um grau de transmissibilidade e letalidade muito alta, em torno de 3%, enquanto que a letalidade das Influenzas é de 0,1 por 100. Ou seja, morre 0,1 pessoa para cada 100. No caso do Coronavírus é de três óbitos para cada 100 pessoas. Ele parece ser mais agressivo que a Influenza.

TEMPORÃO FALA SOBRE FAKE NEWS

“Circula nas redes sociais um medicamento sobre o uso de remédio da malária, hoje usado no tratamento de doenças reumatológicas e autoimunes que serviria para combater o Covid-19. Existe um estudo francês ainda preliminar, mas as pessoas estão comprando e estocando esse remédio. E é um medicamento que pode ter efeitos colaterais. Não posso correr para a farmácia e comprar um remédio que não tem nenhuma comprovação científica contra uma doença. Como lutar contra isso? Mais informações de qualidade. Portanto, o grande desafio hoje é o da comunicação, ao lado da medicina”.

FONTE: MOBILE TIME

Daniel Lucas Oliveira

Jornalista formado!

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