Você vai ter de votar melhor pela saúde e educação
Pacote econômico do Governo coloca em risco serviços públicos mais básicos
Já teve a impressão de que, em algum momento, talvez não consiga mais pagar saúde e educação privadas? Lamentavelmente, o temor se justifica. Como registrou o jornal Folha de São Paulo, a mensalidade escolar mais que dobrou em sete anos. Deve subir até 8,5% em São Paulo. E os planos de saúde coletivos acumularam, de 2012 a 2018, reajuste de 111,72%.
A inflação ficou em torno de 40% entre 2012 e 2018. O salário mínimo subiu, entre janeiro de 2012 e de 2019, 60%. Esse percentual, a propósito, não pode ser considerado média de aumento salarial, pois o piso de remuneração era reajustado acima da inflação.
Este mês, o governo federal apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pela qual governadores e prefeitos poderiam decidir como alocar recursos para saúde e educação, desde que o percentual somado estivesse de acordo com a lei – 37% da receita nos Estados, e 40% nos municípios. Ainda será discutida e votada.
Nesta terça-feira (12), foi divulgado que o relator da PEC quer flexibilizar o piso para saúde e educação, incluindo na conta os gastos com inativos e aposentados.
IMPACTO
TEM MAIS
Há, também, que acompanhar as propostas das operadoras de planos de saúde ao Legislativo, de criação de planos ‘customizados’, ou seja, em que o consumidor escolheria a cobertura desejada, e pagaria mais ou menos em função disso.
Além disso, os brasileiros deveriam lutar para que a saúde pública fosse, em médio e longo prazo, mais bem administrada.
Os consumidores terão, como eleitores, de prestar muito mais atenção à política, especialmente na hora de escolher candidatos a cargos públicos em todos os níveis.
Antes de definir o voto, averiguar com o que os candidatos se comprometem em termos de saúde e educação, e como pretendem financiá-las. Até porque estamos envelhecendo, vivendo mais, e o país terá de encontrar alguma forma de oferecer saúde e educação a todos, provavelmente pela combinação de atendimento público e privado.
Maria Inês Dolci
Advogada especialista em direitos do consumidor, foi coordenadora da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).